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Diagnóstico Molecular das Alergias

  • Rosiane Ferrão
  • 24 de jun. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 28 de mai. de 2022

SOBRE A DOENÇA

Alergia é uma deficiência do sistema imunitário, que após exposição a uma substância, que normalmente é inócua, em alguns indivíduos gera uma resposta anormal.

O desencadeador da resposta imune é denominado alérgeno. Estes alérgenos podem estar presentes em alimentos, caspas e cascas de animais, fungos, picadas de insetos, etc. e as reações desencadeadas por eles podem se apresentar de várias maneiras, desde uma reação leve, como espirros, coceiras locais, desconforto abdominal, até reações de anafilaxia, que podem ser fatais.

As reações alérgicas desencadeiam a produção de IgE, que são proteínas que têm a função de anticorpos. Esses anticorpos se ligam a receptores na superfície dos mastócitos, sensibilizando-o. Até o momento ocorre somente a sensibilização. Da próxima vez que a IgE se ligar aos mastócitos estes liberam moléculas pró-inflamatórias, como a triptase e principalmente a histamina, que são responsáveis pelos sintomas da alergia.

A prevalência das doenças alérgicas tem aumentado. A complexidade e gravidade da doença também tem aumentado.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico laboratorial das alergias pode ser realizado através de uma amostra de sangue e dosagem das Imunoglobulinas IgEs.

A maioria dos indivíduos alérgicos é polissensibilizado. Então, diante do grande número de substâncias alergênicas, quais devem ser testadas? Esta decisão depende dos alérgenos aos quais os indivíduos estão expostos, à idade, os sintomas e o ambiente doméstico (presença de animais, ambiente úmido, etc.).

Existem no mercado reagentes para testagem de forma múltipla de alérgenos e de forma específica.

  • Testes múltiplos

Determinam a alergia a um determinado grupo de alérgeno. Por exemplo:

***IgE múltiplo painel poeira (Hx2), onde se pesquisam os alérgenos pó caseiro - Hollisster Stier Labs (H2), Blatella germanica (I6), Dermatophagoides pteronyssinus (D1), Dermatophagoides farinae (D2).

***IgE múltiplo cereais (FX3), onde se pesquisam os alérgenos trigo (F4), aveia (F7), milho (F8), gergelim (F10), e trigo negro (F11).

***IgE múltiplo alimentos (FX5), onde se pesquisam os alérgenos clara de ovo (F1), leite (F2), bacalhau (F3), trigo (F4), amendoim (F13), soja (F14).

  • Testes específicos:

Determina a alergia a um determinado alérgeno. Por exemplo:

***IgE específica Blatella germanica (I6) - barata

***IgE específica ovo inteiro (F425)

***IgE específica leite (F2)

***IgE específica caspa de cão (E5)

  • Testes moleculares:

E finalmente chegamos à era molecular.

Existem alérgenos que são espécie-específico e alérgenos de reatividade cruzada.


Alérgenos espécie-específicos são quase que únicos de uma determinada espécie, podendo ser encontrado em um número muito limitado de espécies relacionadas já os alérgenos de reatividade cruzada acontecem quando o anticorpo IgE reconhece, se liga e induz uma resposta imune a moléculas alergênicas semelhantes (homólogas) presentes em espécies diferentes. Um bom exemplo de reatividade cruzada é a existente com o pólen de bétula. A grande maioria dos indivíduos alérgicos ao pólen de bétula possuem anticorpos IgE anti componente Bet v 1, e o Bet v1 é estruturalmente muito semelhante à estrutura de vários alimentos, entre eles o amendoim e a soja. Sendo assim, os anticorpos IgE contra o Bet v1 têm reatividade cruzada essas proteínas do amendoim e soja.

Até pouco tempo atrás a grande maioria dos testes utilizava somente extratos proteicos complexos, que são obtidos através de fontes naturais. Isto fazia com que se identificasse a fonte alergênica, mas não a molécula que desencadeava a alergia

O diagnóstico molecular se baseia principalmente no uso de alérgenos purificados recombinante, que são quando produzidos em laboratório por tecnologia de clonagem molecular, utilizando vários sistemas de expressão recombinante como bactéria (ex. Escherichia coli) ou levedura (ex. Pichia pastoris), sendo possível determinar componentes moleculares alergênicos específicos de uma determinada fonte

A nomenclatura de alérgenos é bem estabelecida, e se baseia na utilização das três primeiras letras do gênero, a primeira letra da espécie e um número expressado em algarismo arábico que, em geral, reflete a ordem em que o alérgeno foi identificado. Por exemplo:

***Alérgenos do leite de vaca são designados a partir do nome científico da vaca em latim, Bos domesticus, e incluem Bos d 4 (α-lactalbumina), Bos d 5 (β-lactoglobulina), Bos d 6 (albumina sérica) e Bos d 8 (caseína)

***Alérgenos de amendoim são nomeados a partir de Arachis hypogea, e o painel atual compõe-se de: Ara h 1 (7S globulina, vicilina); Ara h 2 (2S albumina); Ara h 3 (11S globulina, legumina); Ara h 4 (11S globulina, legumina); Ara h 5 (profilina); Ara h 6 (2S albumina); Ara h 7 (2S albumina); Ara h 8 (PR10, homólogo de Bet v 1); Ara h 9 (nsLTP); e Ara h 10 (18 KDa Oleosina).


Os principais benefícios do uso do diagnóstico molecular da alergia são:

  • Possibilidade de distinguir entre sensibilização primária, genuína e sensibilização por reatividade cruzada (o que não pode ser feito com extratos naturais), ajudando o clínico a decidir se um alérgeno, poucos alérgenos relacionados ou múltiplos alérgenos extensamente diferentes devem ser considerados; caso se identifique somente sensibilização por reatividade cruzada há necessidade de realização de mais testes para se identificar o alérgeno principal.

  • Determinar se as reações alérgicas são causadas por alérgenos associados a risco de anafilaxia grave ou a reações mais leves, particularmente na área de alergia alimentar, podendo diminuir a necessidade de testes de provocação oral e melhorar as recomendações para os pacientes

  • Auxiliar na escolha dos pacientes e dos alérgenos mais apropriados para imunoterapia bem-sucedida.

O diagnóstico molecular das alergias favoreceu, bastante, a identificação de possível anafilaxia, e no caso de alimentos, a possibilidade de ingestão de alimento cozido em detrimento ao cru, dependendo da estabilidade da proteína implicada no processo alérgico (se a proteína é termolábil ou termoestável). Veja o que diz o artigo Alérgenos recombinantes: papel no diagnóstico e na imunoterapia alérgeno-específica, de L. Karla Arruda et al:


Na alergia alimentar, sensibilização a proteínas de armazenamento (i.e. Ara h 2 e 3/amendoim) ou de proteínas de transferência de lipídios (i.e. Pru p 3 pêssego) indica elevado risco de anafilaxia, enquanto que sensibilização a homólogos de Bet v 1 (p.ex., Ara h 8/amendoim) está habitualmente associada a sintomas mais leves”

“Em pacientes com alergia a ovo, a presença de IgE contra ovomucoide (Gal d 1), que é estável ao calor e à digestão, foi associada a maior risco de reações graves e persistentes. Níveis de IgE para Gal d 1 > 11 kUA/L estão associados com risco alto de desenvolver reações clínicas tanto a ovo aquecido como cru, com especificidade de 95%. Por outro lado, sensibilização a ovalbumina e possivelmente a ovotransferrina e lisozima é considerada menos séria, porque essas proteínas são termolábeis e sensíveis à digestão, e pacientes podem tolerar ovos aquecidos. Em crianças com suspeita de alergia a leite de vaca ou a ovo, IgE contra Bos d 8 (caseína) do leite de vaca, e contra Gal d 1 e Gal d 2 de ovo foram os alérgenos mais frequentemente identificados, com boa capacidade de prever os resultados de testes de provocação oral com o alimento”.




Os testes disponíveis são da modalidade singleplex e multiplex.

Na modalidade Singleplex os alérgenos são identificados de forma individual, atualmente disponível pela metodologia ImmunoCap.

Já a modalidade Multiplex, disponível pela metodologia ImmunoCap-ISAC (Immuno-Solid Phase Allergen Chip), permite a medição simultânea de anticorpos IgE específicos de um largo espectro de componentes alergênicos. São identificados, atualmente, 112 componentes alergênicos vindos de 51 diferentes fontes.





Por Rosiane e Silva Menezes Ferrão

*Farmacêutica-Bioquímica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

*Especialização em Análises Clínicas pela Universidade São Francisco (USF)

Bibliografia:

Arruda LK, Moreno AS, Ferreira F. Diagnóstico molecular de alergia: pronto para a prática clínica? Braz J Allergy Immunol. 2013;1(4):187-194. Disponível em http://aaai-asbai.org.br/detalhe_artigo.asp?id=641. Último acesso em 10/06/2019

L. Karla Arruda, Janaina M. L. Melo. A epidemia de alergia: por que as alergias estão aumentando no Brasil e no mundo? Brazilian Journal of Allergy and Immunology


L. Karla Arruda; Michelle C. R. Barbosa; Gil Bardini; Ariana Campos Yang; Isabel Ruguê Genov; Adriana Santos Moreno. Alérgenos recombinantes: papel no diagnóstico e na imunoterapia alérgeno-específica. Braz J Allergy Immunol. – Vol. 1. N° 4, 2013. Disponível em http://aaai-asbai.org.br/detalhe_artigo.asp?id=644. Último acesso em 18/06/2019

Lab Rede – Laboratório de Referência em Diagnósticos Especializados. Diagnóstico Molecular na Alergia. Lab.com. Informativo Digital n° 10. Outubro 2015.

https://www.labnetwork.com.br/noticias/alergologia-molecular-uma-nova-era-no-diagnostico-de-alergia/L

http://www.phadia.com. Último acesso em 10/06/2019

https://www.youtube.com/watch?v=4QnINEIXTLM&list=UUW4_L-NGuO9IdQ3hgSyivmw&index=19. Último acesso em 10/06/2019

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